CEO da Dyxel conta a sua trajetória no Dia Internacional da Mulher

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Érika Caramello
Érika Caramello, sócia e cofundadora da Dyxel Game Publisher
Foto: TheBoche

No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, que relembra as lutas sociais, políticas e econômicas das mulheres na sociedade como um todo. Em 2020, Érika Caramello, cofundadora da Dyxel Game Publisher e uma das mulheres pioneiras na indústria brasileira de games, usou as suas redes sociais para contar a sua trajetória na área, marcada por diversos episódios de misoginia, mas também de sororidade. O texto é reproduzido aqui:

“Meu primeiro contato com os videogames foi na infância, em plenos anos 80, quando ganhamos um Atari. Apesar da felicidade de ter aquele brinquedo novo e fascinante em casa, ter dois irmãos mais velhos e apenas dois joysticks limitavam bastante a minha diversão.

Duas décadas depois, voltei a ter um contato mais próximo com os games, dessa vez no mercado de trabalho. Em 2006, comecei a me envolver nos primeiros projetos de jogos e desconhecia a presença de qualquer mulher na área aqui no Brasil. Em 2008, fundei uma empresa, que perdi anos mais tarde para um ex que afirmava até para a imprensa que ele era o fundador do negócio. Em 2011, tornei-me professora universitária em cursos de jogos e sofri bropriating, mansplaining e todo tipo assédio moral e até sexual por parte de gestores, colegas e alunos. Ano passado (2019), eu finalizei o meu doutorado na área, mas quase precisei acionar a justiça para um caso de plágio acadêmico por parte de um orientando de graduação que estava passando os meus materiais para outro colega o orientar.

Eu não tive a sorte de ter mulheres para me espelhar quando comecei a trabalhar com games. Mas essa caminhada na área me fez ter contato com autoras, colegas professoras, profissionais de mercado e muitas alunas que fazem um excelente trabalho. Ainda somos 20% na indústria, poucas em sala de aula, mas somos maioria entre os jogadores. Até atingimos o auge da representação na indústria de brinquedos em 2016 com a Barbie desenvolvedora de games – aliás, muita gente veio conversar comigo sobre “nossas semelhanças”.

Ainda temos muito a conquistar, de respeito à equidade salarial, passando por melhores representações nas personagens. Mas é muito gratificante saber que, de alguma forma, eu estava ali abrindo portas. Felizmente, outras amigas também fizeram o mesmo e a gente se encontrou! Neste dia da mulher, quero deixar um beijo a todas pela trajetória e incentivo às que estão chegando. Que todas as dificuldades cotidianas que a gente encara na área de games não passem de fases rápidas a serem superadas. Sigamos juntas! #8M”