Hoje é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data faz referência ao 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que aconteceu em 1996. Respeitando o lugar de fala, a Dyxel Game Publisher cede espaço para Lívia Silva de Souza, professora doutora em Ciências da Comunicação pela USP, que traz a importância do debate social desta data comemorativa:
“Ser mulher e lésbica no Brasil é estar sujeita a diferentes formas de opressão (ainda mais se você for negra, periférica ou seu corpo estiver fora do padrão de um modo geral). Só para se ter uma ideia, caso você não seja uma mulher lésbica, você não deve nem imaginar que simplesmente não existem, para nós, métodos adequados para o sexo seguro. Sim, o sexo entre pessoas com vagina também está sujeito a transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), mas simplesmente não existem métodos de prevenção apropriados. A recomendação é, por exemplo, adaptar a camisinha masculina, recortando um quadrado a partir dela. Bizarro!
Isso sem contar as tantas formas de violência mais explícita, sejam elas verbais ou físicas.
Então, por que a visibilidade é importante?
A construção da identidade de uma pessoa passa, em grande parte, pelo reconhecimento de si no outro. Esse outro podem ser pessoas próximas, conhecidos, desconhecidos, e mesmo personagens de filmes, séries e, é claro, games.
Acontece que o lesbianismo, no Brasil, ainda é um tabu. Mesmo dentro da sigla LGBTI+, certamente você conhece ou já viu nas telas pessoas da sigla G (homem gay), mas talvez a sigla L seja bem menos comum. Outra questão é, ainda, a forma como as mulheres lésbicas são representadas, muitas vezes reduzidas a um fetiche masculino (isso é tenebroso e é um dos aspectos da cultura do estupro de mulheres lésbicas, na forma do chamado estupro corretivo).
É inegável a força dos meios audiovisuais na construção desses imaginários que temos sobre o que é uma mulher lésbica. Da quase completa invisibilidade no cinema em meados do século XX, passando por uma representação falha e estereotipada na televisão nas décadas de 1980 e 1990, precisamos chegar com urgência em representações mais reais e positivas das mulheres lésbicas. No século XXI, os games são uma ferramenta poderosa para isso.
A visibilidade é importante pra gente saber se reconhecer e entender quem somos, formar nossa identidade e nossa autoestima. É importante também pra tirar a carga de tabu que ainda existe sobre as mulheres lésbicas em nossa sociedade e eliminar as formas de violência a que estamos submetidas. Somos muitas, somos diversas e lutamos pelo direito de sermos visíveis!”